Ao endurecer a sua postura perante a contestação, Schmidt reclama a posição de Rui Costa.
A primeira semana de André Villas-Boas como presidente do FC Porto não trouxe grandes novidades em relação ao futuro de Sérgio Conceição, e o assunto nem sequer foi abordado na conversa pós-tomada de posse com os meios de comunicação social. É verdade que o novo líder dos dragões está condicionado pela entrada tardia na SAD, adiada para o final do mês — para que Pinto da Costa possa sentar-se no banco na final da Taça de Portugal —, mas deixar correr o tempo parece favorável à gestão deste dossiê. O foco está colocado na decisão com o Sporting, que pede união, mas os sinais reforçam a ideia de que o resultado no Jamor já não terá peso na decisão, aparentemente de fim de ciclo.
Até a mensagem deixada pelo braço direito, Vítor Bruno, nas redes sociais, após o último jogo em casa, aponta para a saída. O mais provável é que esse desfecho não esteja dependente do interesse do Milan, que ganhou força nos últimos dias, mas ambas as partes parecem desejar uma saída harmoniosa. Sérgio Conceição teria a possibilidade de sair pela porta grande, reconhecido pela capacidade de manter uma cultura vencedora no clube azul e branco, apesar dos enormes constrangimentos financeiros, e abraçar um desafio aliciante, neste caso num mercado onde tem valor acrescentado pela sua carreira de jogador, e com a possibilidade de continuar a enriquecer o palmarés.
Villas-Boas, por sua vez, evitaria o pesado ónus de iniciar o mandato com a responsabilidade de afastar o treinador que aceitou ser trunfo eleitoral, para iniciar um novo ciclo com a estrutura idealizada com Andoni Zubizarreta e Jorge Costa, possivelmente com um nome estrangeiro no banco.
No Benfica, os indicadores apontam para a continuidade de Roger Schmidt, mas sem grande convicção aparente por parte de quem tem a responsabilidade de tomar decisões. Mesmo num contexto de goleada e despedida emocionante de Rafa, o técnico alemão voltou a ser fortemente contestado na Luz, e no final endureceu o discurso. Já admite, aliás, que possa ser mais um problema do que uma solução. Schmidt não faz concessões para alcançar um acordo de paz quando distingue entre adeptos bons e aqueles que prestam demasiada atenção, mas está correto ao afirmar que é impossível pensar na reconquista do título com o negativismo atual.
Ao assumir uma posição tão forte, mas totalmente adequada à realidade, Schmidt não deixa de reivindicar uma posição de Rui Costa. Se a decisão de manter o treinador fosse sólida, o presidente do Benfica já deveria ter vindo a público reiterar isso mesmo. Não conseguiria silenciar a contestação, perante o fracasso da temporada, mas iria enfraquecer aqueles que desejam ter voz na decisão. Ao prolongar o silêncio, Rui Costa está a permitir que a contestação ao treinador se intensifique e dá a ideia de que espera que seja o alemão a tomar a iniciativa, ou então que apareça um Milan qualquer.