Alemão continuará como treinador dos encarnados; vários fatores influenciam, incluindo relação com balneário e aposta em jovens jogadores

Roger Schmidt vai continuar no comando técnico do Benfica. Apesar de uma temporada conturbada, a gestão encarnada decidiu manter o treinador, que está ligado ao clube até 2026, conforme A BOLA pode adiantar.

Os acontecimentos desta época estiveram sob avaliação, e até do lado do treinador poderia haver uma mudança de rumo. Neste sábado, o jornal Bild noticiou novamente que houve interesse do Bayern Munique no técnico. De acordo com a publicação alemã, Roger Schmidt respondeu aos bávaros esta semana que fica no Benfica, algo que o nosso jornal está em condições de confirmar.

Uma rescisão unilateral por parte dos encarnados teria um custo aproximado de 16 milhões de euros, embora o próprio treinador tenha assumido que, se o problema fosse ele, sairia. Os resultados e o desempenho do técnico na gestão da equipa foram analisados e causaram, conforme noticiámos, desconforto e opiniões divergentes na estrutura encarnada.

O Benfica venceu no início da época a Supertaça e lutou até ao início de abril pela conquista do campeonato. Teve uma má fase de grupos na Liga dos Campeões (com quatro derrotas, um empate e uma vitória, 11 golos sofridos e sete marcados) e foi eliminado por uma equipa considerada acessível (Marselha) nos quartos de final da Liga Europa; caiu na Taça da Liga e foi eliminado pelo Sporting da Taça de Portugal.

O desempenho nos duelos com os rivais — onde se destacam as derrotas na Liga com FC Porto, por 0-5, e com Sporting, por 1-2 — também foi considerado; assim como a relação com os adeptos. O treinador foi muito contestado, o que levou Rui Costa a sentir a necessidade de vir a público, por duas vezes, pedir contenção nas manifestações de desagrado dos adeptos, que chegaram a cuspir no treinador e nos jogadores e a atirar garrafas.

Na sexta-feira, depois do empate em Vila do Conde com o Rio Ave (1-1), na última jornada do campeonato, vários adeptos concentraram-se no exterior do estádio e voltaram a insultar Schmidt e também Rui Costa. Foi necessária a intervenção da polícia para evitar maiores constrangimentos. Contudo, tanto a estrutura como o treinador, que várias vezes abordou o assunto, acreditam que este ambiente hostil foi criado por um grupo menor de adeptos e que não representa a maioria dos benfiquistas. Muitos destes revoltaram-se no Estádio da Luz, quando na receção ao Arouca responderam aos insultos vindos de uma das claques.

Balneário e formação


Outro dos fatores considerados foi a relação de Schmidt com os jogadores. No fundo, o balneário continua a acreditar no treinador. Em março, a entrevista de Orkun Kokçu colocou em causa a liderança técnica, mas Schmidt assumiu uma posição e o turco, depois de falhar o jogo com o Casa Pia, foi reintegrado e melhorou as exibições. Terminou, até, como figura no último jogo da época, num sinal de que as coisas foram gradualmente resolvidas. Outro sinal são as palavras de Rafa, de saída do clube, que mostram o sentimento do grupo sobre o técnico.

Em Vila do Conde, o discurso de Schmidt já estava virado para 2024/25, numa noite em que estreou Prestianni e Gustavo Varela. Esse é outro fator a ter em conta, a aposta em jovens jogadores, sobretudo da formação, como João Neves e António Silva, os mais mediáticos, mas também Morato e mais recentemente Tiago Gouveia e Tomás Araújo.

Roger Schmidt admitiu que a pré-época vai ser fundamental e terá de ser bem planeada, até porque o Benfica ainda não sabe se entra diretamente ou terá de jogar a qualificação para a nova Liga dos Campeões. A garantia de receita de uma entrada imediata para a fase de grupos também pode oferecer perspetivas diferentes no mercado, mas na Luz considera-se que há talento para potenciar. Rollheiser já foi titular, Prestianni estreou-se na sexta-feira e ainda há Andreas Schjelderup, isto sem contar com jogadores da formação.