Lateral do Manchester United foi o porta-voz da Seleção este sábado:
Apesar da onda gigante de euforia que rodeou a Seleção Nacional nas primeiras 24 horas na Alemanha, Diogo Dalot garante que Portugal está focado num só objetivo: vencer o primeiro jogo. E depois começar a preparar o segundo.
Na conferência de imprensa deste sábado, em Marienfeld, o lateral do Manchester United passou ainda a ideia de que está entre a motivação infinita de Cristiano Ronaldo e a gestão de expectativas sublinhada por Vitinha na véspera.
«Favoritos? Se queremos ficar na história de Portugal temos de trabalhar para isso e fazer por sermos lembrados», disse.
– Foi titular em dois dos três jogos particulares antes do Europeu. Num deles, Portugal perdeu com a Croácia. Sendo o adversário mais difícil que enfrentaram desde a chegada de Martínez, isso criou dúvidas no balneário?
Para nós, foi apenas e só uma experiência. A Croácia foi um jogo importante para melhorar alguns aspetos que tínhamos de testar antes de uma grande competição. Apesar do apuramento imaculado e positivo, é importante enfrentar equipas mais experientes para testar coisas que não testámos antes. Foi muito importante e olhámos para ele de forma bastante positiva, no aspeto de lidar com adversidades e reagir em momentos de desvantagem. Foi bom passar por isso antes de uma competição como esta.
– A Alemanha entrou no Euro com uma goleada. Como seria a estreia de sonho para Portugal?
Ganhar! É o nosso grande e único objetivo. É importante vencer o primeiro jogo. O resultado? Quanto mais golos marcarmos, melhor, mas o objetivo passa por ganhar.
– Falou dos vários testes de preparação no qual Portugal experimentou vários sistemas táticos. Com qual se sente mais confortável? Linha de três centrais ou de dois?
Depende. Fomos jogando em diferentes sistemas na fase de apuramento… Depende de como irá jogar o adversário. Eu sinto-me confortável nas duas. Consigo dar o meu melhor nos dois sistemas, caberá ao mister decidir. Já mostrámos em ambos que somos fortes a atacar e a defender e isso é o mais importante.
– Foi eleito pelos seus companheiros no Manchester United como jogador do ano. Ficou surpreendido?
É sempre positivo vencer prémios individuais. Dá-me mais confiança e motivação, claro. Sei do que fui dando em toda a temporada e, por isso, foi ótimo ter o reconhecimento dos colegas, de quem me vê trabalhar todos os dias, com quem sofro e com quem celebro. Foi especial e dá-me confiança agora para a Seleção.
– Esta foi a época em que fez mais jogos na carreira (50). Isso dá-lhe mais armas para ser titular?
É relativo. O que fazes durante a época é fundamental para estares aqui, agora a partir do momento em que estás, o que fizeste no clube já não conta. Tens de demonstrar que mereces jogar. Há uma competição saudável, que me dá prazer. Quando estás rodeado de grande qualidade, ficas fora da zona de conforto. Eu gosto. Dá-me motivação extra para continuar a trabalhar. Falo por mim, mas os meus colegas pensarão o mesmo. Só pode ser bom para Portugal.
– Foi campeão europeu sub-17 em 2016. E agora? Vai ser campeão europeu em AA?
Seria espetacular, não vou mentir. No Azerbaijão, em 2016, pelos Sub-17, foi especial. Vencer pelo País é sempre especial, não há melhor sentimento do que esse. Pela Seleção A seria um sonho. Espero que seja possível e tudo faremos para que seja possível.
– As estatísticas demonstram uma clara ascensão e maior preponderância do Diogo Dalot esta época. Está no melhor momento de forma da carreira?
Acho que sim. Em termos individuais, a carreira tem sido progressiva. É assim que gosto que aconteça. Não escondo que é um bom momento, talvez o melhor em termos individuais da minha carreira. Mas vale o que vale: se não demonstrar o que tenho mostrado… O trabalho continua no dia a dia, penso da mesma maneira e trabalho para continuar no bom nível que tenho demonstrado.
– Fez um bis frente à Rep. Checa na Liga das Nações e foram dois grandes golos. Vem à memória nas vésperas da estreia no Euro-2024 com os checos? E dá motivação especial?
É impossível esquecer quando marcas pela Seleção, ainda mais dois golos. Claro que a República Checa estará sempre na minha memória. Deixa-me feliz, são boas memórias, fico contente e ainda mais motivado. E isto são condições perfeitas para trabalhar. E se o mister decidir por-me lá dentro melhor e ainda mais se voltar a marcar.
– Sente que ainda não foram verdadeiramente testados?
Acho que já fomos. Fomos testados em todos os aspetos nos vários jogos que fizemos. Acredito que vamos ao primeiro jogo a saber que estamos preparados, fizemos uma boa preparação, incluindo a fase de apuramento. Estamos confortáveis em relação a isso.
– A Seleção tem sido engolida por uma onda gigante de euforia. Como gerem as emoções para não cair em demasiada descontração?
Tem de ser um trabalho, primeiro individual – que passa por saber que, além da euforia, há que trabalhar com seriedade e profissionalismo – e depois coletivo, sabendo que temos um grupo muito experiente com jogadores a passar essa experiência de muitos torneios para os mais novos. É uma simbiose boa para irmos longe. Sabemos que todos querem ver Portugal e por isso há também essa responsabilidade. Olhamos de forma tranquila para isso e como motivação extra.
– Cristiano disse à chegada que o ideal seria superar as meias-finais de 2006. Vitinha moderou um pouco as expectativas. Em que lado se coloca?
[risos] Estou do lado de… focar-me neste primeiro jogo. Conhecendo o Cristiano já sabemos que vai pensar sempre em grande. Queremos acompanhá-lo. É capitão, o maior dos nossos vencedores. O pensamento é esse mas ele também sabe que temos de ir dia a dia, jogo a jogo. Temos de perceber que para chegar longe temos de caminhar juntos, passo a passo, e cada passo tem de ser firme.
– Esta geração está no ponto de rebuçado para conseguir algo importante aqui na Alemanha?
Existe a expectativa e as pessoas querem acreditar que somos das melhores seleções que Portugal já teve. Mas aquilo que lembramos no fim é a seleção que vence. Todos sabem quem venceu o Euro-2016. Se queremos ficar na história de Portugal temos de trabalhar para isso e fazer por sermos lembrados. Podemos ter muitas qualidades e uma geração com muito potencial, mas o que conta é no fim e quem vencer é que ficará na história.
– Portugal é uma das últimas equipas a estrear-se no Euro-2024. Estão a acompanhar os jogos ou evitam para não aumentar a ansiedade?
Não, não. Vemos, claro que sim. Estivemos a ver ontem a Alemanha. Estamos ansiosos por começar, sim. É normal que sendo os últimos a ansiedade suba um pouco, porque queremos muito começar. Mas estivemos tranquilos a ver o jogo, a desfrutar do ambiente, a vivê-lo. Estaremos prontos para a estreia.