André Cruz, antigo central do Sporting e da seleção do Brasil, deixou saudades em Alvalade e não foi por acaso. Era um central goleador, mas não foi num livre que marcou o seu golo na vitória de 2000 (3-1), no último dérbi para a Taça de Portugal que os leões venceram fora.

Mal chegou ao Sporting, vindo do Torino em janeiro de 2000, já se deparava com o Benfica. Primeiro, a 9 de janeiro, na sua estreia pelos leões, em Alvalade, para o campeonato. Acabou em 0-0. No mesmo mês, mas para a Taça de Portugal, fizeram uma curta viagem até à Luz, triunfando por 3-1, colocando os leões nos quartos de final, e deixando os rivais para trás. Nunca mais o clube de Alvalade venceria na casa benfiquista nesta prova, tendo tido três oportunidades.

André Cruz faria, ao quarto jogo com a camisola do leão, o golo de estreia pelo clube de Alvalade. Beto Acosta bisou, Uribe marcou para as águias. O que recorda, afinal, André Cruz, aos 55 anos? A BOLA ouviu o antigo central do Sporting e internacional brasileiro, em exclusivo.

“A única coisa de que me lembro muito bem desse jogo foi do golo que eu marquei. Depois de uma cabeçada do Beto Acosta, acabei por tocar ligeiramente na bola, desviando-a do guarda-redes, que creio ser o Enke. Passou por baixo do guarda-redes”, explicou, sorrindo.

“Por curiosidade, acabei por rever os lances desse jogo, um jogo muito complicado, pois tinha acabado de chegar e ainda não conhecia bem os meus companheiros. Era um jogo bastante complicado na Luz, onde o Benfica era favorito. Acabei por rever os principais lances, lembrei-me então do primeiro golo, de Beto Acosta, do meu golo, do golo do Benfica [Uribe]. O Benfica teve até certo ponto superioridade, pelo menos em termos de posse de bola, teve várias ocasiões para marcar golos, mas não o fez, o Sporting foi muito feliz, marcando os seus golos. E também teve outras oportunidades”, conta o agora secretário de Desenvolvimento Económico de Santa Barbara D’Oeste, no Brasil.

“Fiquei muito feliz pelo golo marcado, pelo primeiro clássico importante em Portugal e pela vitória”, acrescenta André Cruz, que deixa uma mensagem aos sportinguistas para o jogo de hoje: “Muita fé, muita concentração, muito foco. Este jogo vai ser muito complicado, vai ser difícil, o Benfica também tem uma grande equipa, com jogadores importantes, mas temos de ir ao Estádio da Luz com a mentalidade de vencer. Se Deus quiser, tudo correrá bem”, diz o antigo central, que entre as tarefas profissionais e a vida familiar não consegue seguir os leões de forma tão próxima quanto desejaria.

“Muito pouco, muito pouco, não consigo acompanhar por causa do meu trabalho durante a semana aqui na prefeitura, com reuniões com empresas e empresários. E tenho também o futebol, seguindo o meu filho. Além disso, há a questão do fuso horário, muitos jogos da Europa passam quando estou aqui a trabalhar, torna-se complicado. As pessoas de Itália, especialmente de Nápoles, também me ligam para perguntar o que penso da equipa e eu não consigo acompanhar”, conclui.