Bruno Lage voltou ao Benfica com um impacto imediato, com cinco vitórias em cinco jogos. O treinador tem destacado, com razão, a importância do trabalho de equipa, mas será que o segredo deste regresso triunfante não está nos ajustes individuais que ele promoveu desde o início?
É comum ouvir que um coletivo forte eleva as individualidades, mas muitas vezes esquecemos que a evolução de uma equipa pode começar precisamente no detalhe, ajustando as peças certas para que o conjunto funcione melhor. Este pode ser o segredo por trás do novo ciclo de Bruno Lage no Benfica, que já superou o início de 2019, também sob o comando do técnico. Depois da vitória impressionante frente ao Atlético de Madrid, Lage voltou a frisar a importância da palavra “equipa”, mas não deixou de destacar outro aspeto crucial: ter “a melhor versão de cada jogador”.
Disse-o em resposta a uma pergunta sobre o posicionamento de Di María, e o tema não foi levantado por acaso. Lage percebeu desde cedo que era vital libertar Di María de tarefas defensivas que o condicionavam, uma questão que Roger Schmidt nunca conseguiu resolver completamente. O compromisso defensivo do argentino nunca esteve em causa, mas era claro que a insistência em atribuir-lhe demasiadas responsabilidades nessa área estava a prejudicar o seu impacto nas ações ofensivas, onde realmente faz a diferença.
Lage teve a visão de que era essencial encontrar uma solução que permitisse a Di María expressar-se ao máximo. Aursnes foi a resposta ideal para o equilíbrio que o treinador procurava, mas antes disso, Rollheiser cumpriu essa função até o norueguês estar disponível. Com Aursnes recuperado, a equipa passou a ter a peça certa no meio-campo, libertando Di María para brilhar no ataque, sem ter de se preocupar em correr atrás dos adversários.
Contra o Atlético, Lage ajustou novamente a estratégia, colocando Di María mais perto de Pavlidis e deslocando Aursnes para preencher o lado direito. Do lado oposto, Akturkoglu desempenhou um papel crucial, apoiando defensivamente, tal como já tinha feito em Belgrado, assegurando assim o equilíbrio da equipa.
Estes pequenos ajustes ajudam a explicar a recente subida de rendimento de Kokçu, o regresso aos golos de Florentino e a crescente confiança de jogadores como Carreras. Não são as individualidades que resolvem jogos sozinhas, mas é ao resolver problemas individuais que o coletivo evolui.