Já ouvi dizer que, se o Sporting falhasse a contratação de Ioannidis, teria comprometido todo o mercado. Não é bem assim. Hugo Viana só ficaria com esse fardo porque tentou ao máximo satisfazer o desejo do seu treinador.

“Geralmente, ganha o prémio de melhor treinador aquele que vence o campeonato. Este prémio não é só nosso. É também dos nossos roupeiros, do ‘team manager’, do nosso gabinete de observação, que nos ajuda a preparar cada jogo, do nosso gabinete de apoio ao jogador, que liberta de qualquer tipo de responsabilidade, do gabinete de ‘scouting’, é só olhar para o Viktor [Gyökeres] e perceber o impacto que eles têm, do gabinete de comunicação (…). Todos os treinadores da formação (…). Todos os treinadores deveriam ter a sorte de trabalhar com o Hugo Viana, não só pela competência, mas pela lealdade que tem para com todos os treinadores. Toda a gente que, a partir de hoje, tem a sorte de treinar o Sporting, irá parecer muito melhor do que realmente é.”

Com estas palavras, Rúben Amorim dividiu um prémio que é muito seu — o de melhor treinador da época 2023/2024, atribuído pela Liga Portugal e votado pelos seus pares. Fê-lo com aqueles que trabalham com ele diariamente em Alcochete e com Hugo Viana, o diretor desportivo que tem feito um trabalho notável nesta janela de transferências, ainda antes do fecho do mercado.

Ainda falta um avançado. Já se ouviu que, sem Ioannidis, o Sporting teria um mercado falhado. No entanto, Hugo Viana não merece esse rótulo. Se falhar Ioannidis, será apenas porque Viana fez tudo para cumprir o desejo do seu treinador. A luta por Ioannidis chegou “até ao impossível”, como Amorim afirmou que deve ser quando se trata dos jogadores mais desejados. Viana teve mais trabalho e stress porque quis seguir o plano do técnico campeão nacional. Amorim reconhece isso e, mesmo que Ioannidis não venha, sabe que Viana fez tudo ao seu alcance.

Amorim pediu um guarda-redes que jogasse bem com os pés, e a administração trouxe exatamente o que ele queria. Precisava de um central? Viana deu-lhe o internacional belga desejado, por mais de 15 milhões de euros. Queria um extremo/ala para a esquerda? A SAD encontrou um internacional uruguaio que brilhou na Copa América, também por 15 milhões (incluindo comissões). Falta o avançado, mas mesmo que não seja o mais desejado, o plantel fica mais equilibrado do que nunca na era Amorim, com duas opções de qualidade para cada posição.

Vamos a um exercício rápido — na baliza, há Kovacevic e Israel; para central à direita, Quaresma e Debast (com St. Juste quando voltar e Fresneda a ser trabalhado); central ao meio: Diomande e Debast; Gonçalo Inácio e Matheus Reis para central à esquerda; na ala direita, Geny Catamo e Geovany Quenda (com Fresneda também) e na esquerda, Nuno Santos e Maxi Araújo; no meio-campo, Hjulmand, Morita, Bragança e, com a chegada de Maxi para o lado esquerdo, Pedro Gonçalves pode recuar. No ataque, Trincão, Edwards e Quenda para a direita; Pedro Gonçalves e Maxi para a esquerda; o ponta de lança ainda está por definir, mas há sempre Gyökeres.

“Toda a gente que a partir de hoje tem a sorte de treinar o Sporting irá parecer muito melhor do que realmente é,” afirmou Amorim, que já é um excelente treinador e agora tem quase tudo o que pediu para conquistar o bicampeonato.

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