Últimos acontecimentos abalaram presidente mas demissão e eleições antecipadas são cenário descartado; líder acredita ter a equipa unida e avança no projeto
O chumbo do orçamento do clube na Assembleia Geral (AG) do passado sábado e o ambiente de crispação dos sócios, que assobiaram e pediram a demissão de Rui Costa, causaram mossa no presidente, já abalado pela anterior demissão de Luís Mendes em vésperas de AG — braço direito dele e responsável pela pasta das finanças do edifício da SAD— e por todo o ruído causado à volta da desistência. Porém, Rui Costa mantém-se inflexível face às pressões, não tem qualquer intenção de se demitir ou de provocar eleições antecipadas.
Mesmo apesar de alguns elementos dos órgãos sociais do Benfica acreditarem que essa pode ser a melhor solução: recandidatar-se de novo para assim poder ganhar reunindo maior apoio de uma massa associativa nesta altura insegura em relação ao futuro próximo do clube.
O orçamento foi votado em Assembleia Geral Ordinária realizada no dia 15, com os elementos da Direção no relvado e os sócios em parte de uma das bancadas do Estádio da Luz.
Houve muita contestação, Rui Costa inclusivamente debateu em particular as queixas com alguns dos associados mais agitados.
O orçamento para 2024/2025 foi votado por 1992 sócios — 47,61 votaram sim, 43,20 votaram não, a abstenção ficou em 9,19.
Sem que a Direção tenha esclarecido se documento fora ou não aprovado, o movimento Servir o Benfica sublinhou o chumbo, socorrendo-se dos estatutos do Benfica e especificamente do artigo 57.º, n.º1, onde se indica que «as deliberações da Assembleia Geral são tomadas por maioria absoluta dos votos dos sócios presentes».
Rui Costa e a Direção analisam agora o tema em conjunto com a equipa de juristas do clube para perceber qual a melhor solução, não estando colocada de parte a apresentação de um novo orçamento. Um orçamento que, recorde-se, foi apresentado pelo diretor financeiro Paulo Alves, que assumiu interinamente as funções depois da demissão de Luís Mendes.
Paralelamente, continuam a ser analisados alguns nomes para o lugar de Luís Mendes (o CEO da SAD continua, pois, a ser Rui Costa), sendo apenas seguro, que será uma pessoa externa ao Benfica. A complexidade do cargo e o melindre do momento obrigam a cautela, embora Rui Costa e a sua equipa já tenham identificado a pessoa que consideram certa para o lugar.
Na AG de sábado, o principal alvo da contestação dos adeptos foi mesmo Rui Costa, mas muitos pediram também a demissão de Nuno Costa, chefe do gabinete da presidência, que vem já do tempo de liderança de Luís Filipe Vieira e muitos apontam como uma influência negativa para Rui Costa. Também neste ponto o atual presidente não cede e segura Nuno Costa, como, aliás, segundo apurámos, segurou Luís Mendes em vários momentos de conflito interno e nos quais o ex-vice-presidente e administrador já tinha manifestado intenção de se demitir. Foi também por essa razão que Rui Costa sentiu ainda mais a saída do seu colaborador e tão em cima da AG. «Era Luís Mendes que deveria estar aqui a dar cara por este por este orçamento», sublinhou Rui Costa na intervenção que fez perante os sócios na Luz.
Na altura em que saiu Luís Mendes, sucederam-se várias reuniões e com vários setores da SAD e clube, nas quais Rui Costa recebeu manifestações de solidariedade de muitos diretores, e das quais terá saído reforçado na intenção de não quebrar. Sabe-se que em cima da mesa não estão mais demissões nesta altura e que Rui Costa está convicto de que tem a sua equipa de liderança em sintonia.
Embora continue em momento de enorme pressão, externa e também interna, Rui Costa está determinado a levar para a frente o seu projeto e demitir-se não é para ele, neste momento, uma opção.
A esta ideia não é também alheio o facto de o Benfica estar a preparar a época desportiva, muito ativo no mercado de transferências para fazer uma boa temporada e assim recuperar a confiança dos sócios e adeptos.