Águias sem avançado contra os algarvios; Aursnes voltou a ser lateral-esquerdo; Neres e Kokçu brilharam, Rafa resolveu
Ainda à procura. Era a ideia que Roger Schmidt deixava transparecer à entrada da 23.ª jornada, embora depois de uma exibição finalmente consistente talvez agora conclua, com justiça, que encontrou um plano de maior equilíbrio para ter Di María, Rafa e David Neres ao mesmo tempo em campo. Terá de ser trabalhado e a perfeição não existe, todavia é notícia importante em fase decisiva da temporada.
Depois do 2-2 de Guimarães, o alemão voltou ao sistema sem avançado, com Rafa a movimentar-se por esses terrenos, porém agora com Aursnes, sem surpresa, de novo como lateral esquerdo e com a acomodação de Kokçu como número 10, o que até faz sentido face às dificuldades que o turco encontra mais atrás no momento sem bola. Resistindo a subir no terreno enquanto médio defensivo, Schmidt, que voltou a ouvir assobios pelas escolhas, colocou-o mais à frente, tentando explorar a verticalidade do seu passe mais perto da zona de decisão. E este esteve nos melhores momentos da equipa numa primeira parte em que as águias empurraram o adversário e estiveram em várias ocasiões perto do golo.
Boa reação à perda
O Portimonense não incomodou Trubin nos primeiros 45 minutos, porque o Benfica não deixou. A contrapressão funcionou e as águias tiveram quase sempre a bola. A atacar de forma assimétrica, com Bah a dar largura na direita e Neres a fazer o mesmo na esquerda, a equipa da Luz não conseguiu fazer uma circulação de forma rápida o suficiente para aproveitar na esquerda uma sobrecarga numérica criada sobre o lado contrário. Nas vezes em que o conseguiu, Neres criou problemas aos algarvios.
A estratégia contemplava, além do trabalhado ataque posicional, a exploração das costas do bloco médio-baixo do rival com lançamentos longos para Rafa. Nem sempre bem disfarçados, houve passes que não encaixaram nos sprints do português por muito pouco. Aos 36 minutos, falhou mesmo, ao atirar por cima, após passe de Neres.
Aumentar ritmo com os mesmos
Schmidt manteve a aposta no regresso do intervalo. Acreditou que era apenas questão de aumentar o ritmo e ser paciente. A verdade é que, apenas 10 minutos depois, foi premiado. Numa jogada de insistência, Bah surgiu à entrada da área para servir a primeira trivela de Rafa, não muito bem desenhada, mas ainda assim eficaz.
O Portimonense subiu linhas e três minutos depois os encarnados já venciam por 3-0. Aos 57’, um magistral passe de Kokçu – a assinar a melhor exibição pelo Benfica – encontrou Neres para um slalom até perto da linha de golo e, aos 58, o mesmo Neres descobriu Rafa sobre a esquerda. O_27 desenhou nova trivela, esta mais próxima da perfeição, para Di María tocar com classe perante um impotente guarda-redes japonês. O 4-0 tornou-se natural com o passar do tempo. Aos 75 minutos, uma segunda assistência de Kokçu encontrou Rafa para uma finalização simples ao segundo poste.
Consistência num novo modelo
Não é coincidência que, mais protegido nas costas, Kokçu tenha assinado a melhor exibição da temporada. Ou que a criatividade de Neres liberte Di María da responsabilidade de ser sempre ele a assumir o desequilíbrio. O novo 4x2x3x1 pode ser oleado e tem valências. Foi apenas bizarro que só agora se tenha chegado aí. Já Rafa continua a ser caso de estudo. Tem dificuldades em associar-se e parece estar a passar ao lado do jogo e, de repente, acorda para bisar e assistir. Schmidt espera sempre por ele.