Entrámos no ciclo do Campeonato do Mundo e parece que nada mudou para o selecionador Roberto Martínez, que continua a vencer sem convencer e sem demonstrar sinais claros de evolução no modelo da equipa.
O comodismo é um problema. Talvez seja apenas a minha percepção, que me leva a ver aspectos negativos nas vitórias e positivos nas derrotas. Talvez as minhas expectativas estejam demasiado elevadas, mas se todos acreditássemos que já alcançámos o máximo e que não podemos fazer mais, não teríamos, há séculos, a audácia de dividir o mundo em duas partes com os nossos vizinhos.
Não dou grande importância à Liga das Nações, mas a Federação e Martínez parecem valorizá-la, o que justifica a crítica exigente e construtiva. O que me incomoda nesta Seleção, um país pequeno mas repleto de talento – que ganhou e, por isso, para muitos está tudo bem, especialmente com mais dois golos de Cristiano Ronaldo –, é que a equipa parece ser a mesma que se apresentou no Europeu, especialmente na falta de concretização das ideias. O ataque posicional, uma arma para enfrentar blocos baixos e avançar nas competições, continua a ser ineficaz e com dificuldade em controlar os encontros. Este problema foi evidente contra a Croácia e repetiu-se contra a Escócia. Vencer esta Escócia em casa com tanto sofrimento e até com alguma sorte no remate de Bruno Fernandes não pode ser motivo de grande celebração. Deveria, ao invés, levar a uma autoanálise.
Há quem diga que Ronaldo está diferente aos 39 anos, que está mais disposto a passar tempo no banco. Se assim for, ótimo. No entanto, na primeira parte, a equipa jogou como se Ronaldo ainda estivesse em campo, cruzando bolas para a área. É importante notar que o seu golo não pode ser dissociado do movimento de Diogo Jota, que criou a oportunidade. Contudo, já vimos este cenário antes: uma qualificação tranquila e uma fase final complicada quando a exigência aumenta. No Mundial, Ronaldo terá 41 anos. Será ele o ponta de lança na América do Norte? Logo se verá. Bernardo Silva terá 32 anos e Bruno Fernandes quase a mesma idade. Poderão ainda jogar, claro, mas o que está a ser feito para encontrar outras soluções? Pedro Gonçalves, que jogou apenas alguns minutos, e Trincão, Quenda, Tiago Santos e Renato Veiga foram convocados para quê? Para treinar e receber elogios? Será assim que conquistam espaço e ganham rotinas? Depois, logo se verá!