Mural de homenagem a Di María vandalizado e ameaça encontrada em ataque a tiro a uma estação de serviço; sonho de regressar ao clube que o formou mais complicado; continuidade na Luz ainda possível

O mural de homenagem a Ángel Di María, localizado à entrada das instalações do El Torito, onde começou a jogar no norte da cidade de Rosário, na Argentina, foi vandalizado anteontem. Tudo indica que este ato foi uma consequência da eliminação do Rosario Central pelos uruguaios do Peñarol da Taça Libertadores, mas o caráter intimidatório é claro, tentando dissuadir o avançado de 36 anos, que está em final de contrato com o Benfica, de regressar ao clube onde se formou antes de sair para a Europa e assinar precisamente pelo Benfica na época de 2007/2008. “Mesmo assim ainda vais voltar?”, escreveu alguém no mural.

Na noite de quarta-feira, uma estação de serviço na zona sul da cidade de Rosário foi alvo de um ataque a tiro e, no local, foi encontrado um bilhete com uma nova ameaça a Di María.

Estas não foram as primeiras vezes que Di María viu o seu sonho de voltar à Argentina para jogar ser posto em causa. Em março deste ano, a família do jogador foi ameaçada de morte enquanto ele estava ao serviço da seleção, caso voltasse ao país. Os autores das ameaças foram presos e ligados ao narcotráfico que aterroriza a cidade, deixando uma marca no jogador.

Ontem, porém, Pablo Javkin, presidente da Câmara de Rosário, desvalorizou o ato de vandalismo no mural de Di María. “Não vamos tomar tudo como uma ameaça, perdoem-me por dizer isto. Mas, vejam, o clube está a tomar medidas, gostaríamos que todos regressassem e digo isto sem qualquer identidade futebolística, digo-o como presidente da câmara. Espero que todos aqueles que nos deram esta enorme alegria possam voltar a jogar na cidade”, disse em declarações à Cadena 3 Rosário.

Esta posição de Javkin está em sintonia com o esforço que está a ser feito por várias personalidades, inclusivamente do Governo, para fazer regressar Di María.

Existe um plano que prevê dar garantias de segurança a Di María e à sua família para que ele possa representar o Rosario Central durante seis meses, depois de jogar a Copa América pela Argentina, que será o ponto final na carreira do jogador pela seleção.

A ideia de Di María voltar à Argentina pode mais uma vez ter ficado comprometida. Principalmente porque, como A BOLA também já noticiou, o jogador viajou para férias – para o Dubai, na companhia do compatriota e companheiro de balneário na seleção e no Benfica, Nicolás Otamendi – e olha para o passo seguinte na carreira dividido entre o coração e a razão, mas inclinado a alterar o plano inicial para renovar por mais uma temporada com o Benfica. Esse não é o sonho, mas é a vontade do jogador.

Rui Costa, presidente do Benfica, numa entrevista que deu na semana passada, também deixou em aberto esse cenário.

“Ele assinou por um ano, e o que vou dizer não o vai deixar chateado, assinou por um ano, porque na cabeça dele, queria deixar de jogar na Europa, onde ele começou [no Benfica], e depois queria terminar a carreira na Argentina. Por razões que vocês conhecem, que foram públicas, esta posição da Argentina já não está tão delineada quanto isso. Para a semana iremos ter uma reunião com o representante do Di María, onde iremos perceber se continua mais um ano ou não. Não consigo dizer hoje se fica ou não fica. Temos essa esperança, mas teremos uma reunião decisiva para decidir isso”, disse Rui Costa.

As últimas ameaças podem, pois, ajudar a reforçar a esperança do presidente dos encarnados e do treinador da equipa das águias, Roger Schmidt, que também já disse publicamente que gostaria de “continuar a trabalhar mais um ano com Di María”.