O troféu chegou finalmente às mãos dos jogadores do Sporting, que celebraram com a família leonina; o leão ofereceu mais um grande espetáculo aos adeptos com uma vitória por 3-0. Adán e Neto despediram-se de Alvalade com lágrimas e emoção.

O leão campeão funciona como um relógio e, em dia de festa, trabalhou na perfeição, derrotando o Chaves, o 17.º visitante a cair esta época em Alvalade para a Liga. Todos os que jogaram na casa leonina perderam. O leão campeão não poderia falhar aos seus adeptos no dia de receber a taça e celebrar entre famílias.

Não foi coincidência a 17.ª vitória em 17 partidas em casa. Na Europa, considerando as 10 principais ligas, só o Galatasaray, na Turquia, consegue um aproveitamento de 100%, com 18 vitórias em 18 jogos perante os seus adeptos.

Inédito: Golos em Todos os Jogos

Este Sporting é perfeito. Não só aproveitou ao máximo o fator casa como passou a ser o único clube a conseguir marcar em todos os jogos do Campeonato. Nunca acontecera e, na realidade, Sporting, FC Porto e Benfica já tinham ficado perto, falhando apenas uma jornada sem marcar. Rúben Amorim, que aprecia números, marcas e recordes, adiciona mais um à sua conta pessoal.

Foi, todavia, igualmente um dia de emoções e do drama da despedida, com dois veteranos de 35 e 37 anos a tentarem evitar as lágrimas.

Adán: «Oxalá Ganhem a Taça»

«Parabéns a todos por este título. Também é vosso. Obrigado a todos. Quero deixar um agradecimento por estes quatro anos, eu e a minha família fomos muito felizes aqui. Foram quatro anos de êxitos, muitos títulos e grandes momentos. Que não deixem cair este clube. Que não deixem cair a história deste clube», começou por dizer o guarda-redes espanhol Adán, de 37 anos, aos adeptos.

Depois, à Sport TV, comentou o facto de ter ficado a dois jogos de renovar automaticamente pelos leões: «Foi uma lesão importante, com uma pequena recaída, senti algo que atrasou muito mais. Gostava de estar nas decisões antes de sair, mas não foi possível. Estou feliz pelo Franco [Israel], pelo [Diogo] Pinto, pelo Kiko [Francisco Silva]. As lesões não têm momento certo. Agora, termina uma etapa e há que começar outra. Foi uma das etapas mais importantes da minha carreira. Mais que os títulos, o respeito por mim e pela minha família desde que chegámos, o carinho que sentimos na rua. Oxalá consigamos a Taça dia 26, conseguiria conquistar todos os títulos em Portugal.»

Neto: «Temos o Mister»

O internacional português Neto, de 35 anos, também estava emocionado. O filho Rodrigo, porém, ainda chorava mais do que o pai.

«Vesti a camisola do Sporting, vivi muito este clube, senti por dentro como é especial. Hoje, o Sporting está estruturado e talhado para continuar a ganhar. Grandes recursos humanos, staff, jogadores, escritórios da SAD, a academia trabalha muito bem, é credível. E temos o mister. O Sporting não é só o maior de Portugal porque nós assim o queremos. Hoje, o Sporting também ganha, e ganha de forma incontestável, como fizemos este ano», explicou, sem pausas: «Algo de mim ficará aqui. O legado e mentalidade que se respira na academia. Ficam boas memórias, bons e maus momentos, títulos. Fui sempre abraçado pela família sportinguista. Nunca poderia colocar nos meus sonhos algo parecido.»

A final da Taça de Portugal também não foi esquecida. «Estamos prontos para conseguir mais um título para o Sporting», afirmou, antes de abordar o estatuto de suplente: «Quando não jogamos temos dois caminhos. Poderia escolher algo mais negativo e ser uma influência não tão positiva. Optei pelo segundo, viver todos os momentos. Nunca iria perdoar-me se sentisse que não tinha dado tudo. Preciso de tomar decisões familiares para conseguir projetar o que será o meu pós-Sporting.»

Festa Sóbria entre Família

Apito final, Gyokeres a protestar com Manuel Oliveira — talvez quisesse minutos extra para marcar mais golos… —, tempo de festa e homenagens.

Frederico Varandas, presidente do Sporting, entregou lembranças a Neto e Adán. Houve fogo de artifício, o pai de Gyokeres passeou-se pelo relvado, as famílias posaram com os jogadores, e a festa pegou. Depois, o protocolo: a taça viajou até ao centro do relvado com um embaixador da Liga bem conhecido dos sportinguistas, o antigo guarda-redes Nélson Pereira.

O desfile foi rápido. Paulinho entrou com Paulinho — o goleador e o roupeiro. Um a um, jogadores e técnicos receberam medalhas e aguardaram. Varandas foi medalhado por Coates, com Pedro Proença, presidente da Liga, a assistir da primeira fila. O momento mais desejado chegou num ápice: Coates recebeu a taça e partilhou-a com todos os que conquistaram o 20.º título.

Os últimos minutos de festa do título antecederam a operação Jamor.