Num dos melhores jogos do ano, o Benfica justificou o prolongamento. Rúben Amorim fez as substituições certas, mas o Sporting teve de sofrer.
Emoções ao rubro no Estádio da Luz, do primeiro ao último minuto, num jogo em que o Sporting procurou manter um ritmo baixo, enquanto o Benfica projetou uma intensidade tão alta que, por muitos momentos, deixou os leões à beira de um ataque de nervos.
Roger Schmidt e Rúben Amorim, que adotam sistemas de jogo diferentes, os encarnados num 4x2x3x1 e os leões num 3x5x2 que muitas vezes se transformou num 5x4x1 de bloco baixo, trouxeram estratégias diversas para este dérbi. O treinador do Sporting, tendo a vantagem da primeira mão, deu à sua equipa instruções contraditórias a serem aplicadas conforme as circunstâncias. Na construção do jogo, a ordem era manter a posse, sem pressas, e depois, quando surgisse a oportunidade, lançar ataques rápidos, especialmente para jogadores velozes como Trincão, Gyokeres ou Nuno Santos (que teria dificuldades em defender Di María, o que levou à sua substituição ao intervalo). A outra ordem era pressionar alto as saídas de bola do Benfica, um aspecto do jogo no qual os encarnados têm demonstrado dificuldades ao longo da temporada. No entanto, as contas iniciais de Amorim falharam, porque perante a pressão sufocante do Benfica, o Sporting não conseguia trocar a bola no seu meio campo, e algumas perdas resultaram em oportunidades claras para os donos da casa; e também porque os encarnados conseguiram resolver as saídas de bola, tornando infrutífero o esforço dos rivais.
Neste contexto de superioridade do Benfica, o resultado ao intervalo permaneceu em branco apenas porque Tengstedt acertou na barra (16) e Israel negou o golo de Di María, após um passe sublime de Aursnes (20).
Amorim faz as substituições certas
Lendo bem o jogo, o treinador do Sporting deixou no balneário Diomande (St. Juste é mais rápido e mais seguro no passe), Nuno Santos (para Matheus Reis travar Di María/Bah) e Esgaio (entrou Catamo, mais ofensivo, o que permitiu várias mudanças no centro do jogo). E as coisas correram tão bem para Amorim que logo aos 47 minutos Gyokeres assistiu Hjulmand, para um golo de bandeira, que colocou a eliminatória em 1-3. Seguiu-se uma forte reação do Benfica, à qual o Sporting respondeu encolhendo-se perto de Israel. Mas a pressão era muita e Otamendi empatou (53), trazendo esperança à Luz. Quando se esperava que o assalto encarnado continuasse, os leões, que nunca perderam a noção do contra-ataque, voltaram à vantagem dois minutos depois. Tudo resolvido? Não. O Benfica não desistiu e, embora pudesse ter sofrido o 1-3 aos 63 minutos, quando um remate de Gyokeres acertou na trave, empatou o jogo com Rafa aos 64. Mais uma vez, Amorim percebeu o perigo e reforçou o meio-campo (Bragança por Morita, 66), mas foi Di María quem obrigou Israel a uma grande defesa, aos 72 minutos, num lance que parecia certo golo. O Sporting aceitou então, sem complexos, a superioridade territorial do Benfica (Israel viu um amarelo por perda de tempo!), mas Schmidt não terá corrido todos os riscos que podia: trocou Tengstedt por Marcos Leonardo (78), Neres por Tiago Gouveia (85) – substituições sem sentido tático – e só aos 90 minutos deu um ar mais ofensivo ao meio-campo (Florentino por João Mário). Entretanto, o Sporting, que teve uma grande oportunidade aos 84 minutos (Trubin salvou um remate de Paulinho), ainda lançou Edwards para lembrar o Benfica que o seu contra-ataque ainda estava vivo. A eliminatória terminou em 3-4, mas pelos méritos em campo (João Neves e Aursnes monstruosos), os encarnados justificaram o prolongamento.