As múltiplas competições em que o Sporting está envolvido têm os seus custos. Amorim teve que fazer alterações. O resultado poderia ter sido bem pior.
O Sporting não tem motivos para se sentir frustrado com o empate a um golo conquistado em Alvalade frente à Atalanta. Poderá, no máximo, lamentar a fraca performance que teve, um desempenho que apenas se destacou nos primeiros 20 minutos, quando obteve a vantagem e foi coletivamente superior à equipa de Bérgamo. Depois, o pânico instalou-se nas fileiras leoninas e os italianos, entre os 24 e os 30 minutos, desperdiçaram várias oportunidades para empatar o jogo, algo que conseguiram aos 39 minutos, aproveitando um mau passe de Quaresma e uma hesitação de Israel.
Ao intervalo, o resultado era bastante favorável para a equipa de Rúben Amorim, que optou por iniciar o jogo com algumas mudanças significativas na equipa, nomeadamente Hjulmand e Gyokeres, que ficaram no banco e não foram devidamente substituídos: Koindedri, estreante como titular, nunca foi uma opção válida em termos de circulação de bola e, apesar do bom golo de Paulinho e da excelente exibição de Trincão, os leões não conseguiram encontrar uma solução para alongar o jogo através do sueco, que em muitas ocasiões lhes permitiria respirar e avançar no terreno.
Amorim saberá porque deixou de fora duas das peças mais importantes da sua equipa, especialmente num jogo em que já sabia que não podia contar com Pedro Gonçalves, que, para além do seu faro goleador, é uma espécie de elo entre o meio-campo e o ataque, proporcionando fluidez ao jogo verde e branco.
A artilharia não fez a diferença
Ao intervalo, na tentativa de conter o ímpeto italiano, que começava no meio-campo e se estendia até ao ataque, o treinador do Sporting recorreu ao banco e fez várias alterações na equipa: retirou Edwars, deslocou Paulinho para a direita e colocou Gyokeres no meio, substituiu Hjulmand pelo discreto Koindedri e mandou St. Juste para a defesa a três (saiu Diomande), na tentativa de travar o nigeriano Lookman, que estava a causar problemas a Quaresma. Embora bem pensada, esta estratégia teve poucos efeitos práticos, uma vez que a Atalanta continuou a dominar o jogo. No entanto, os leões conseguiram criar algumas oportunidades em contra-ataque e, depois de Lookman ter acertado no poste (aos 60 minutos), foi Coates, de cabeça, aos 63 minutos, a fazer o mesmo à baliza italiana. No entanto, o sentido do jogo continuou a ser mais para a baliza do Sporting, devido à maior agressividade da Atalanta no meio-campo, que nem mesmo a recuada de Trincão, o melhor jogador do Sporting, conseguia equilibrar.
Para complicar ainda mais a vida do Sporting, Gasperini fez duas substituições, Koopmeiners e De Ketelaere, que deram uma nova dinâmica aos últimos quinze minutos da equipa bergamasca, enquanto a resposta de Rúben Amorim, ao substituir Morita por Daniel Bragança aos 84 minutos, quando já se via que o Sporting estava com dificuldades em manter a posse de bola, pode ter sido tardia. Mas, nessa altura, o Sporting já tinha percebido que seria difícil ganhar o jogo e que o melhor seria não o perder, recuando as linhas e apostando no jogo direto para Gyokeres, que naquela noite estava muito bem marcado pelos experientes defesas italianos.
Tudo em aberto
Numa tarde/noite de poupanças – segue-se um jogo difícil na Liga, em Arouca – e com pouca inspiração, a boa notícia para o Sporting é que vai a Bérgamo com condições para disputar a eliminatória, recordando provavelmente que na fase de grupos teve um desempenho melhor em Itália do que em Alvalade.