Frederico Varandas, presidente do Sporting, foi distinguido, na última quinta-feira, como dirigente do ano na gala dos Prémios Stromp. Durante o seu discurso, que refletiu sobre os seus quase 45 anos como sócio do clube, Varandas partilhou um desabafo pessoal, mencionando um passado difícil e momentos traumáticos que vivenciou como adepto.
«Estamos em dezembro, com quase 45 anos de sócio, dezembro era um mês traumático, sofri bullying com este mês, com as piadas do Natal», revelou o presidente. Estas palavras ecoaram entre os consócios presentes na cerimónia, que se identificaram com as dificuldades vividas pelo clube nas décadas passadas.
O Passado de Seca de Títulos
Nos tempos de seca de títulos, a goleada de 7-1 ao Benfica, em 1986, foi uma das raras alegrias para os sportinguistas. No entanto, a celebração foi breve, com a equipa a voltar à realidade em seguida, com dois desaires e quatro empates nas jornadas seguintes. Varandas, na altura uma criança de sete anos, não imaginava que viria a liderar o clube rumo aos títulos de 2021 e 2024, que marcaram uma viragem no clube.
A Chegada de Rúben Amorim
Quando Frederico Varandas contratou Rúben Amorim ao SC Braga em março de 2020, ninguém imaginava o impacto que o treinador teria na reconstrução do Sporting. O presidente recorda o início promissor da temporada e o otimismo que reinava em Alvalade: «Preparámos o grupo e a equipa para isso, e assim arrancámos a época, uma máquina afinada». No entanto, o cenário mudou com a chegada de um grande clube europeu que, com maiores capacidades financeiras, conseguiu contratar Amorim, deixando Varandas com um lamento claro sobre a saída do treinador, agora no Manchester United.
O Impacto da Saída de Amorim
Varandas não esconde o desconforto causado pela saída de Rúben Amorim para o Manchester United, um movimento que ele descreve como algo “único” no futebol português, dada a altura da temporada e o desempenho da equipa. O presidente sugere que, ao contrário de outros clubes, os presidentes de outras equipas tomaram medidas mais eficazes para proteger os interesses dos seus clubes em situações semelhantes. «Nunca se viu em Portugal um treinador sair assim logo em novembro, a ganhar e a brilhar», afirmou Varandas, sublinhando o impacto negativo dessa decisão na equipa e no clube.
Este episódio, para Varandas, foi uma “prenda de Natal” amarga, como se uma situação de bullying tivesse sido infligida pela pessoa com quem mais se havia confiado, deixando um sentimento de traição. A saída de Amorim, tal como o presidente sugere, pode ser vista como algo que apenas os amigos mais próximos são capazes de fazer: ato de bullying numa época que se pretendia ser de união e harmonia para o Sporting.