Bruno Lage, treinador do Benfica, tentou defender o indefensável, mas as suas explicações não convenceram ninguém. Durante uma conversa na garagem do Estádio da Luz, depois da derrota contra o Casa Pia, o treinador argentino de 48 anos revelou que não pode recorrer aos jogadores da formação, pois acredita que se o fizer, “gajos que valem 20 milhões […] são vendidos por cinco”. “E vamos depois comprar jogadores onde?” questionou. Aqui, Lage admite que existe uma grande desconfiança no plantel atual.

Mais tarde, numa conferência de imprensa convocada a propósito da polémica do áudio divulgado, Bruno Lage tentou esclarecer a sua posição. “O presidente nunca me pediu para jogar A, B ou C, nem agora, nem quando era diretor desportivo. Tenho total liberdade,” afirmou. Contudo, em declarações contraditórias, mencionou que é necessário considerar o preço de mercado dos jogadores, o que levanta dúvidas sobre a sua alegada liberdade de escolha.
Onde está a confiança no plantel? Lage insiste que tem “confiança total” nos seus jogadores, mas as suas declarações e a sua postura nas derrotas indicam o contrário. Em outra parte da conversa, lamentou a incapacidade da equipa de realizar passes seguidos, algo que ele associou à falta de qualidade da equipa. “Dói analisar os jogos”, disse, antes de elogiar os primeiros 30 minutos do jogo com o Casa Pia, onde a equipa teve “boas jogadas e várias oportunidades de golo.”
Rui Costa, o grande ausente
Mas o maior erro está em Rui Costa, presidente do Benfica. Em vez de apoiar o treinador ou de se pronunciar sobre a situação, Rui Costa limitou-se a assistir à conferência, sem tomar uma posição clara. Rui Costa não demitiu Lage nem o apoiou publicamente, o que evidencia uma falta de liderança no clube. O presidente, ao permitir que o treinador continue no cargo sem assumir responsabilidades, parece alheio aos problemas graves que o Benfica atravessa.